por Elizer Andrade Santos
Alguém já afirmou que, admitindo-se o princípio “darwiniano” da sobrevivência dos mais aptos, vê-se que, ao contrário, a sobrevivência e a prosperidade em nosso país, pertencem aos menos aptos. E o pior é que são eles, os menos aptos, os que tentam a promoção de uma sociedade sólida, dinâmica e civilizada, o que é reconhecidamente impossível.
Esse grupo menos apto sobrevive como sobrevivem nas selvas os animais mais fortes devorando os mais fracos. Efetivamente, temos como nas selvas, uma sociedade dividida e constituída de devoradores e devorados onde o patriotismo é representado por uma emotividade gerada por ocasião dos campeonatos de futebol, automobilismo, carnaval, festividades de fins de ano etc, tornando o povo sem pretensões sólidas, portador de um cinismo sem limites. Quem bem define o cínico é o escritor e pensador Oscar Wilde: “Cínico é aquele que conhece o preço de tudo e não sabe o valor de nada”.
Um país com pretensões de crescer e de se posicionar entre as grandes nações do globo deve ter por base a educação e a formação ética para desenvolver o interior de cada cidadão. Ver crescer a indústria, ver trafegar automóveis luxuosos, ver a edificação de arranhacéus suntuosos, não significa que a sociedade está sendo submetida a um processo de educação e civilização. Ao contrário, essa mesma sociedade está sucumbindo e cada vez mais marginalizada, resultando no alto da escala social, homens públicos com ambições presidenciais e na base dessa mesma escala a camada marginalizada, ambas as escalas com idênticas pretensões entre seres que possuem o mesmo vácuo interior de valores. Os mais aptos são excluídos e os menos aptos triunfam.
E assim continuam os menos aptos exercendo arrogantemente o seu papel, prometendo e não realizando os seus pálidos projetos, e os mais aptos ficam esquecidos e frustrados, enquanto se aproximam as épocas propícias em que o povo ignaro se entrega extravagantemente às emotividades e redobrado cinismo.